Tropeços

Devagar todos vão indo embora
E aquele garoto que outrora
Todos diziam que iria se superar
Parece nem ter mais chance pra falar

Aquelas idéias que tanto o expiravam
Agora pouco valem em qualquer lugar
Onde ele e seu ânimo juntos cantavam
Não existe ao menos um único distante olhar

A quem ele tenta se aproximar
A quem ele faz por conhecer
Ou sentir amor por quem queria
E todo mundo se distancia

Enquanto uns riem e sorriem
Ele permanece ali sentado
Por esse motivo até exprimem
Incompreensão, será ele um coitado?

Mas enquanto os relógios funcionam
E o sol nasce para os que da noite reclamam
Ele ainda terá esperanças vívidas
Ou sumiram no ar, súbitas, repente e nítidas?

Ainda que suas palavras desistam
E que só consiga respirar o próprio sentimento
Ainda que as dorem insistam
E a felicidade fique rarefeita, sem alento

E assim o garoto continua andando
Pra frente, caindo e se machucando
Mas já que dizem que com sofrimento se vai
Por que nem ao menos em uma certeza ele cai?

Por Marcos Vinicius de Moraes.

Conteúdo autêntico de Marcos Vinicius de Moraes | Brazil, Ribeirão Claro - PR.

Nenhum comentário: